O riso não veio. Ele se escondeu entre os lábios e os dentes e lá ficou; como se a boca fosse uma antecâmara. O riso abortado cheira a escárnio, como se dissesse em sua pobre rotina: “não sairei, não sairei!” e não saiu mesmo. O que ficou desse riso? Talvez uma carta suicida, um adeus prematuro, um soluço a meia voz. Por que os sorrisos morrem? Deveriam durar para sempre. Contudo, o sorriso eterno é bobo. Às vezes, o sorriso deve abrir o seu regaço de águas límpidas e deixar passar os gravetos, a lama e o barco da solidão. A alegria plena é para os fortes. E por hoje, despi-me de risos. Estou nu. Silêncio, por favor, a boca dorme.
Ele.
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